Crise de segurança: Sarney lidera ação para proteger Roseana de impacto político
Por Nivaldo Souza - iG
Brasília - Governador do Maranhão no auge da ditadura militar
(1965-1970), José Sarney (PMDB-AP) voltou informalmente ao comando do
Estado em meio à crise na segurança pública. Embora não seja visto no
Palácio dos Leões, sede do governo, o ex-presidente assumiu a tarefa de
preservar a nome da família e proteger a filha Roseana Sarney (PMDB).
Sarney tem articulado ações políticas para contornar a crise junto à ala
peemedebista influente na esfera federal – especialmente o presidente
do Senado, Renan Calheiros (AL), e o vice-presidente Michel Temer (SP).
Sarney decidiu intensificar “contatos federais”, segundo aliados ouvidos pelo iG,
por conta da relação estremecida entre Roseana, a presidente Dilma
Rousseff e parte do PT, que trabalha pelo apoio ao oposicionista Flávio
Dino (PCdoB) na eleição estadual deste ano. A relação com o PT azedou
depois que Roseana ligou para o presidente do partido, Rui Falcão,
queixando-se da possibilidade de a legenda apoiar Dino.
Apesar
dos atritos da filha, aliados afirmam que Sarney tem “recebido ajuda”
direta de Dilma. Os interlocutores dos Sarney apontam o diálogo
intermediado por Temer como responsável por salvar Roseana de ver o
Maranhão sob intervenção federal em seu último ano de governo.
A
pedido de Sarney, a cúpula está envolvida na crise do Maranhão. Temer
tratou do tema ontem com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do
Planalto, durante reunião que contou com participação do ministro José
Eduardo Cardozo (Justiça). O ministro fez uma análise da situação no
Estado pouco antes de embarcar para São Luís, onde encontrou-se no final do dia com Roseana.
Fora
da esfera federal, Sarney colocou o senador João Alberto de Souza
(PMDB) no comando informal da polícia maranhense. Homem de confiança do
ex-presidente, João Alberto fez a maior parte das indicações dos postos
de comando policial, o que facilitaria o trabalho de articulação – em
especial no presídio de Pedrinhas, onde brigas entre facções criminosas
rivais foram o estopim da crise de segurança local.
Teria
partido do senador a orientação para que o Maranhão pedisse ao
Ministério da Justiça o envio de homens da Força Nacional de Segurança
Pública para ocupar as unidades penitenciárias da região metropolitana
de São Luís, como forma de controlar a disputa das facções e evitar
rebeliões.
Oposição calada
A
oposição ao clã Sarney tem assumido uma postura moderada em relação à
crise. O pré-candidato Flávio Dino tem guardado silêncio, segundo
interlocutores, para não dar a entender que a oposição torce por mais
mortes em presídios para desgastar Roseana.
Integrantes
do PCdoB maranhense avaliam que o noticiário nacional voltado para o
Estado é a principal arma de propaganda do partido contra os Sarney. A
expectativa é de que Roseana desista de deixar o governo para disputar
uma vaga no Senado para se concentrar em finalizar o mandato tentando
melhorar a imagem da família e fazer seu sucessor.
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