Raquel Soares
Do G1 MA
O secretário da Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, afirmou, na tarde desta quinta-feira (10), que o estopim para a confusão ocorrida na noite de quarta (9), na Casa de Detenção (Cadet) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, foi mesmo a descoberta de túnel feito para a fuga de 60 detentos.
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Secretário de Segurança Pública Aluísio Mendes (Foto: Raquel Soares/G1)
Nove presos foram mortos após um confronto entre facções criminosas rivais dentro do presídio.
De acordo com Mendes, tudo começou quando o Serviço de Inteligência da SSP descobriu o túnel. Após a descoberta, o Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (Geop) anunciou a revista das celas. Os presos, então, se recusaram a colaborar com a vistoria, o que criou tumulto. O Geop recuou e pediu apoio ao Batalhão de Choque, que já encontrou os presos soltos, as celas depredadas e o confronto entre as duas facções instalado.
“Foi descoberto um túnel que estava quase atingindo o muro e que daria fuga para, pelo menos, 60 detentos. Após a entrada do Geop para realização da revista, houve tumulto. O Choque foi acionado e, nesse momento, houve o confronto entre as facções. Integrantes de uma facção criminosa conseguiram quebrar cadeados nas celas e invadiram um outro pavilhão, onde a facção adversária estava isolada. O foco da briga entre as facções é a disputa pelo tráfico de drogas. Diferentemente do que acontece em outros Estados, no Maranhão existe essa disputa pela hegemonia do tráfico. A origem de toda essa violência é no tráfico de drogas”, declarou.
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Imagens da Cadet após confronto entre facções. (Foto: Divulgação/SSP)
Aluísio Mendes confirmou a apreensão de duas armas de fogo no presídio.
Ônibus incendiados
Seis ônibus foram incendiados após o episódio. O secretário afirmou que a ordem de atear fogo nos coletivos partiu de dentro da Cadet. “A ordem para incendiar partiu de dentro da penitenciária. Essa ação já foi identificada, bem como os seus autores. É uma reação ao trabalho da polícia que prendeu, na segunda-feira (7), vários integrantes de uma dessas facções criminosas e, também, à ação da polícia para evitar que os presos conseguissem escapar pelo túnel que foi descoberto em um dos pavilhões”, esclareceu.
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Sete ônibus foram incendiados em São Luís (Foto: César Hipólito/TV Mirante)
De acordo com Aluísio Mendes, foram incendiados ônibus na Vila Kiola, Tibiri, Jardim São Cristovão, Maracanã, Janaína, Cohab Anil e Monte Castelo. Não há informações se houve feridos. Homens do Corpo de Bombeiros foram encaminhados para controlar os focos de incêndio.
Arrastões
Na manhã desta quinta-feira (10), uma série de boatos causou pânico em alguns bairros de São Luís. Falsas notícias davam conta de que gangues estavam promovendo arrastões na região do São Francisco, Renascença II e no Centro. De acordo com o delegado-geral adjunto de Polícia Civil, Marcos Affonso, nenhum dos boatos se confirmou. Ainda segundo o delegado, a polícia está acompanhando a movimentação nos locais onde os supostos arrastões estavam previstos com o sistema de videomonitoramento. Nada foi registrado.
Na coletiva, Aluísio Mendes garantiu que todos os envolvidos nos boatos de arrastões ou outras ações criminosas serão identificados e punidos.
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Jovem passou mal após notícias falsas de boatos. de arrastões (Foto: Diego Torres
“A polícia está atenta e irá chegar a todas essas pessoas que espalharam boatos de arrastões, causando pânico na população. Isso é crime. Não existe motivo para pânico, a situação na Cadet está controlada. A polícia vai agir, agora, para diminuir o poder de ação dessas facções, como já vem fazendo, e isolar os seus líderes. Agora, quem contribui para instalação do caos na cidade será punido. No Centro, onde tivemos a primeira informação de que havia tido um arrastão, a equipe policial constatou que, na verdade, houve uma discussão entre ambulantes pela disputa do espaço comercial na região. No Ceuma, entramos em contato com a reitoria da instituição e nada foi confirmado. Estão divulgando um vídeo criminoso, com o que eram fogos de artifício, para causar esse clima de pânico da população.  No Tropical Shopping também não houve nenhum registro de tumulto causado por nenhuma ação criminosa”, explicou.
Situação de emergêcia
Questionado sobre a possível vinda da Força Nacional para ajudar na contenção da violência nos presídios de São Luís, Aluísio não descartou a hipótese. “Não descarto a vinda da Força Nacional para atuar, especificamente, no sistema penitenciário, mas, por enquanto, isso não será necessário. Não podemos, simplesmente, interditar a unidade. Onde vamos colocar 600 presos?”.
Participaram da coletiva, ainda, a superintendente de Polícia Civil da capital, Katherine Chaves, o coronel Franklin Pacheco e representantes do Comando de Policiamento Metropolitano da Capital, além dos delegados Augusto Barros, superintendente da Secretaria de Investigações Criminais ( SEIC), e o delegado-geral adjunto de Polícia Civil, Marcos Afonso.